
Erros de engenharia que entraram para a história
Exemplos onde um pequeno erro de cálculo teve consequências catastróficas ou, pelo menos, saiu muito caro
Trens na bitola errada

A empresa de trem SNCF cometeu um erro que custou dezenas de milhões de euros aos cofres franceses: ela comprou 341 trens novos, mas que eram largos demais para caber nas plataformas.
Um erro grotesco, certamente, mas este não foi o único nem o primeiro da história. Eis aqui outros exemplos onde um pequeno erro de cálculo teve consequências catastróficas ou, pelo menos, saiu muito caro. E veja só, nenhum deles aconteceu no Brasil.
A sonda que desapareceu

A sonda Mars Climate Orbiter foi criada para monitorar o clima em Marte, mas desapareceu em 1999 por um “erro de cálculo”. A equipe da NASA usou o sistema anglo-saxão de unidades (polegadas, milhas, galões, etc), mas uma das empresas contratadas usou o sistema decimal, que usamos mais comumente aqui no Brasil (metro, grama, litro, etc).
O resultado foi um erro de cálculo suficiente para fazer a sonda de US$ 125 milhões chegar perto demais de Marte ao tentar manobrar para entrar em órbita. O mais provável é que ela tenha se destruído ao entrar em contato com a atmosfera.
A ponte que balançava

A ponte Tacoma Narrows foi criada em 1938 sobre o Estreito de Tacoma, em Washington, Estados Unidos. Por um erro de engenharia, a ponte balançava muito e foi até apelidada de “Ponte galopante”. Demorou apenas dois anos para que, com ventos fortes a 65 km/h, a ponte finalmente caísse.
Os ventos causaram movimentos de torção na ponte, levando a estrutura a colapsar. Felizmente, não ouve nenhum ferido no acidente. Uma nova ponte foi construída no local e funciona até hoje.
As fotos borradas do Hubble

O telescópio Hubble é provavelmente o mais famoso do mundo por suas belas imagens do espaço. Sendo um grande observatório espacial e não-tripulado, só poderia ser considerado um sucesso absoluto da NASA, não fosse pelo fato de que ele também já sofreu com um erro de cálculo.
As primeiras imagens enviadas pelo telescópio, no início dos anos 90, estavam borradas, pois seu espelho principal era muito plano. Na verdade, a diferença era de apenas 2,2 micrômetros, uma medida 50 vezes menor do que a espessura de um fio de cabelo, mas era suficiente para colocar todo o projeto em risco.
Foi necessária uma missão com um ônibus especial em 1993 para consertar o problema.
O navio que não flutuava

Em 1628, a Suécia inaugurava o navio de guerra mais poderosos do mundo, com 64 canhões de bronze. Na sua viagem inaugural, o navio Vasa, no entanto, vazou. A menos de 2 km da costa, o navio naufragou e infelizmente 30 pessoas morreram.
Segundo arqueólogos que estudaram o navio em 1961, o problema foi que o navio era assimétrico, sendo mais espesso a bombordo do que a estibordo. Mais uma vez, a razão pode ter sido o uso de medidas diferentes, já que quatro réguas usadas para a construção foram encontradas, sendo duas calibradas com pés suecos, e outras duas com pés de Amsterdã.
O prédio que derrete carros

Sabe aquela “brincadeira” de queimar formigas com uma lupa? É mais ou menos isso que aconteceu com um arranha-céu conhecido como "Walkie-Talkie", Inteiramente espelhado, com formato côncavo, a estrutura se transformou numa imensa lente de aumento. O sol refletido pelo espelho na calçada foi capaz de derreter a capota de um Jaguar e o seu retrovisor.
Um salão de beleza teve o carpete queimado e a placa de anúncio deformada. O telhado e a pintura de um restaurante foram igualmente danificados.
Uma grande armação feita com andaime e lonas começou a ser instalada na calçada para impedir o reflexo do sol. O curioso é que autoridades descobriram que o arquiteto responsável pela obra, o uruguaio Rafael Vinoly, é o mesmo que projetou o Hotel Vdara, em Las Vegas, inaugurado em 2010. Esta obra também tinha vidros arredondados e espelhados, os quais causavam queimaduras em hóspedes em dias ensolarados. Após notícias de pessoas feridas, o hotel precisou reforçar os guarda-sóis e tomar outras providências para garantir sombra e segurança aos frequentadores.
O avião sem combustível

Em 1983, um avião da Air Canada ficou sem combustível enquanto voava sobre a província canadense de Manitoba. Não havia acontecido nada de incomum que justificasse a falta de combustível, a não ser mais um clássico erro de cálculo causado pela confusão com o sistema de medida.
O Canadá havia recentemente adotado o sistema métrico decimal. O indicador de combustível a bordo do avião não estava funcionando e a tripulação foi responsável por fazer o cálculo do reabastecimento. Resultado: o avião, que deveria ter sido abastecido com 22300 kg de combustível, levantou voo com apenas 22300 libras, menos de metade.
Felizmente, o piloto conseguiu aterrissar na pista de Gimli. Apenas 10 pessoas ficaram levemente feridas, mas não houve nenhuma morte.