Chicxulub e a morte dos dinossauros
Por Don B. DeYoung, Ph.D.
Introdução
Nas últimas décadas surgiram aproximadamente cem teorias diferentes para explicar a extinção dos dinossauros. Essas teorias postulam desde a extinção dos dinossauros através da ingestão de plantas venenosas até o suicídio de manadas de dinossauros.
Contudo, uma teoria em particular adquiriu grande aceitação desde os anos 80. Essa envolve o maior impacto que a terra já sofreu por um asteróide ou cometa. Acredita-se que essa catástrofe extinguiu cerca de dois terços de todas espécies de animais e plantas existentes na época. Assim, esse artigo pretende explorar a teoria da colisão, um contínuo debate científico.
Irídio
A teoria da colisão começou a ser divulgada em 1980 por Luiz e Walter Alvarez e outros (Alvarez, et al., 1980). Eles estudaram, na Itália, uma camada de argila de um centímetro de espessura a qual forma a fronteira entre os períodos Cretáceo e Terciário. Essa transição marca o fim da era Mesozóica, muitas vezes chamada de "era dos dinossauros". A camada é freqüentemente chamada de fronteira K-T, por utilizar a palavra Cretáceo da língua alemã, e marcar a extinção dos dinossauros cerca de 65 milhões de anos atrás. Através de pesquisas realizadas em laboratórios de geologia e física identificou-se o metal pesado Irídio (Ir) na camada argilosa fronteiriça. Sabe-se que o elemento Irídio é mais abundante em meteoritos, asteróides, e cometas do que na própria terra.
Dessa forma, a descoberta de concentrações de irídio apóia a idéia da queda de poeira radioativa ocasionado por um impacto extraterrestre. Recentemente foi descoberto irídio na camada K-T em locais amplamente separados como Itália, Dinamarca e Nova
Zelândia.
A Idéia da Fumaça
A teoria da morte dos dinossauros através de uma colisão foi de interesse limitado durante os anos 80, pois era somente uma de muitas propostas. Foi quando, em torno de 1990, uma formação particular de rochas localizadas ao norte da península de Yucatan no México (figura 1) recebeu maior atenção. A formação geológica é chamada de Chicxulub (pronuncia-se CHEEK-shoe-lube) ficando próximo de uma aldeia. O diâmetro do terreno acidentado é de 100-200 milhas (160-321 km). O terreno está enterrado um quilômetro abaixo do solo, metade sobre a terra e metade sobre o mar. O formato subterrâneo é revelado através de medições na superfície das anomalias magnéticas e gravitacionais. Amostras de cristais inalterados foram datados pelo método argônio-argônio, com idade de 64,98 ± 0,5 milhões de anos (Swisher III, et al., 1992). As pesquisas portanto determinam a mesma idade do cascalho de cristal vítreo (tectita) encontrado no Haiti que fica a 1931km de distância. Tectitas são pedaços de cristais coloridos, formados da fundição do mineral quartzo, aquecidos pelo impacto.
Com isso surgiu um grande problema, pois como explicar a descoberta de sedimentos cretáceos "fora de lugar" acima da camada da cratera de Chicxulub (Ramos, 1975). Isso poderia indicar que a cratera é muito antiga para definir a transição K-T. Outros têm sugerido que houve erro na datação desses sedimentos, ou então que foram levados por um vento para aquela região (Swisher III, et al., 1992).
A importância da formação subterrânea mexicana é uma fascinante história de uma companhia de petróleo, que perdeu algumas anotações secretas, e do cepticismo dos geologistas. Os livros que falam a respeito de crateras escritos antes de 1987, não mencionam Chicxulub (Mark, 1987). Chicxulub provavelmente é uma cratera, embora persistam dúvidas, visto que ela permanece escondida no subterrâneo. Há outras formações cryptocrater no outro lado da terra as quais alternadamente podem se relacionar ao vulcanismo ou a tomadas de erosão. Ninguém tem certeza sobre a origem delas.
Localização da cratera de Chicxulub (círculo) na Península Yucatan no MéxicoDescrição da hipotética colisãoQuer a colisão em Chicxulub tenha ou não ocorrido, o evento presumido pode ser imaginado. O objeto que colidiu, provavelmente um cometa ou asteróide, deveria ter aproximadamente 10km de diâmetro e 6x1014kg, ou perto de um trilhão de toneladas. O nome genérico dado a um tão grande impactor espacial é bólide. Se essa bólide continha 500 ppb (0,5 partes por milhão) de irídio, o total de irídio dispersado após algum tempo em torno do mundo poderia ser de 300 milhões de quilogramas. O objeto deve ter se movido numa velocidade espacial característica de 20km/s, várias vezes mais rápido que um projétil. Portanto, a energia cinética total foi dissipada como calor e deslocamento da rocha no ponto de impacto. A energia liberada deve ter atingido aproximadamente 1023 joules, ou 108 Megaton de TNT. Essa energia é 10.000 vezes maior que o arsenal nuclear de armas existente no mundo durante a Guerra Fria (Cowen, 1996). A energia liberada é portanto aproximadamente igual à liberada quando os fragmentos do cometa Shoemaker-Leuy bateram em Júpiter em 1994. Bilhões de toneladas de rocha teoricamente pulverizada foram sopradas para o céu em vários quilômetros pelo impacto de Chicxulub. Quando os maiores fragmentos caíram novamente, eles aqueceram até incandescência e houve tempestades de fogo ardente na terra por todos os continentes. Fuligem e poeira cercaram a terra, escurecendo o sol por meses ou anos. Pode ter havido resfriamento global por décadas. A fotossíntese cessou e a cadeia alimentar ficou interrompida. Enxofre foi injetado na estratosfera, formando chuva ácida (ácido sulfúrico). A camada de ozônio foi temporariamente destruída pela turbulência atmosférica.
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Na verdade, naturalmente, esses supostos efeitos climáticos de uma hipotética colisão são muito incertos. Apesar de tudo, leva a extinção de dinossauros, répteis marinhos, répteis voadores, e muitos outros tipos de vida em um mero tempo geológico desse desastre ecológico.
Avaliação da extinção
No meio cientifico não há apoio unânime a hipótese da colisão. Especialmente os paleontologistas evolucionistas, questionam a súbita extinção de tão variadas espécies. A maior parte dos cientistas prefere uma extinção gradual da vida através de mudanças climáticas, variações no nível do mar, ou vulcanismo. Serão destacadas três questões básicas que são consideradas nas escalas de tempo evolucionistas.
Primeiro, porque o suposto impacto matou os dinossauros enquanto que outras formas de vida permaneceram saudáveis? Muitas das criaturas com menos mobilidade (tartarugas, cobras, crocodilos) e também mais sensíveis a mudanças climáticas (peixes e aves) ainda vivem conosco. Muitos invertebrados que vivem em águas marinhas rasas sobreviveram, enquanto outras foram extintas. As plantas então sobreviveram a catástrofe em grandes quantidades.
Segundo, o registro fóssil não mostra a morte instantânea dos dinossauros. Muitos dinossauros morreram no período Cretáceo enquanto outros aparentemente sobreviveram bem no período Terciário, milhões de anos após o pensamento evolucionário (Rigby, et al., 1987; Sloan, et al., 1986). Outro problema maior é determinar onde está atualmente situada a fronteira K-T. Em certos locais, as partículas de quartzo do choque mostra cobrir a espessura sedimentaria ou atravessar o tempo dos últimos 500,000 anos (Courtillot, 1990). Além disso, no oriente do Montana, lugar rico em fósseis, a camada de irídio é encontrada 2 a 3 metros acima dos elevados resquícios de dinossauros in situ (Archibold, 1982). Neste lugar, dessa forma aparentemente os dinossauros desapareceram muito antes de algum evento de colisão.
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Terceiro, não é certeza que Chicxulub seja um local de real impacto. Praticamente todos os dados que apóiam uma colisão têm explanações alternativas. Por exemplo, a concentração de irídio na camada K-T poderia ser resultante de processos vulcânicos. Material ígneo inclui traços de irídio, especialmente quando derivados de mantos profundos (Ganter, 1986). Uma grande região no ocidente da Índia (chamado o Decan Traps) experimentou vulcanismo massivo em um tempo similar próximo na história. Muitos peritos atribuem a extinção dos dinossauros a eventos climáticos como essa massiva emanação de lava na Índia.
Uma conclusão criacionista
Segundo o ponto de vista evolucionista aconteceram cinco grandes extinções de vida durante a história da terra. Nós provavelmente esperaremos zelosamente durante os próximos anos para ver o fechamento dessa suposta extinção através da colisão. Os criacionistas desafiam as escalas de tempo as quais largamente separam esses eventos de extinção. Em um ponto de vista alternativo, os criacionistas defendem uma catástrofe muito maior na terra, o dilúvio de Noé, descrito em Gênesis, o qual foi o julgamento de Deus sobre a humanidade que causou quase a extinção da vida. Dessa forma, esses períodos separados de extinção aconteceram na verdade durante o ano do dilúvio global.
A camada K-T argilosa consiste em somente uma pequena acumulação de sedimentos durante o dilúvio. Houve atividade vulcânica e colisão associada ao dilúvio, possivelmente incluindo Chicxulub e outras crateras (Froede e DeYoung, 1996). Entretanto, os dinossauros não foram levados a extinção durante esse período. Em lugar disso, espécies de dinossauros vivos foram abrigados na arca. Assim eles desapareceram gradativamente séculos após o dilúvio devido a mudanças climáticas e outras possíveis causas.
Vários filmes dramáticos têm retratado asteróides fatais ou cometas colidindo na terra pondo em perigo a humanidade nos anos posteriores. A visão criacionista é em grande parte mais otimista sobre o futuro, entendendo que há um plano futuro definido para a humanidade. Se você gostaria de saber mais a respeito desse plano futuro da humanidade entre em contato conosco, teremos o maior prazer de respondê-lo.
Referências:
Alvarez, L. W. Alvarez, F. Asaro, e H. V. Michel. 1980. Extraterrestrial Causes for the Cretaceous-Tertiary Extinction. Science 208 (4448): 1095-1108.
Archibold, J. D. 1982. A Study of Mammalia and Geology Across the Cretaceous-Tertiary Boundary in Garfiel County, Montana.
University of California Publications in Geological Sciences. 122: 1-286.
Courtillot, V. 1990. A Volcanic Eruption. Scientific America 263 (4): 85-92.
Cowen, R. 1996. The Day the Dinosaurs Died. Astronomy 24 (4): 34-41.
Froede, C e D. DeYoung. 1996. Impact Events Within the Young-Earth Flood Model. CRS Quartely 33 (1): 23-34.
Gunter, F. 1986. Principles of Isotope Geology. John Wiley and Sons. New York.
Kerr, R. A. 1983. Isotopes Add Support for Asteroid Impact. Science 222: 603-604.
Ramos, E. L. 1975. The Gulf of México and the Caribbean. Volume 3 of The Ocean Basins and Margins. Nairn, A. E. M. e F. G. Stehli, eds. Plenum. New York.
Rigby, J. K., K. R. Newman, J. Smit, S. Vander Kaars, R. E. Sloan e J. K. Rigby. 1987. Dinosaurs from the Paleocone Part of the Hell Creek Formation, McCone Conty, Montana. Palaios 2: 296-302.
Sloan, R. E., J. K. Rigby, Jr., L. Van Valen e D. Gabriel. 1986. Gradual Dinosaur Extinction and Simultaneous Ungulate Radiation in the Hell Creek Formation. Science 232: 629-633.
Swisher III, C. C., J. M. Grajales-Nishimura, A. Montanari, S. V. Margolis, P. Claeys, W. Alvarez, P. Renne, E. Cedillo-Pardo, F. J. Maurrasse, G. H. Curtis, J. Smit e M. O. McWilliams. 1992. Coeval Ar-40/Ar-39. Ages of 65 Million Years Ago from Chicxulub Crater Melt Rock and Cretaceous-Tertiary Boundary Tektites. Science 275 (5072): 954-958.