
Se a comparação entre Ramallah e Auschwitz é
certamente incorreta, esse não é um motivo bastante
para a colocar na conta de uma emotividade
desculpável num escritor ou artista. Saramago auto
justificou-se com o seu dever, como escritor, de
provocar reações na opinião pública. Mário Soares
desculpou Saramago, invocando o direito do escritor
à indignação. Ambas as explicações pecam por
demasiado displicentes. Para além do fundo emotivo,
é preciso discutir o fundo racional, se existe
algum, nas palavras de Saramago.
Estou à vontade para propor essa discussão porque
fui por vezes, no tratamento de diversos temas da
história do século XX, alvo de uma conotação
maliciosa com o "judaísmo internacional" - uma
acusação muito do agrado da extrema-direita.
As analogias históricas são legítimas desde que se
recorra a elas tendo presentes os seus limites. O
sionismo e o nazismo não são irmãos gêmeos. Mas a
guerra em curso tem sublinhado de forma dramática
alguns paralelos entre ambos.
O sionismo não tem campos de extermínio com câmaras
de gás, e nisto continua a distinguir-se claramente
do nazismo. Mas a jornalista israelita que
retoricamente perguntou a Saramago onde estavam as
câmaras de gás parecia reconhecer que essa era a
última trincheira em que podia refugiar-se para
marcar diferenças entre sionismo e nazismo. A
resignação é precipitada, porque ainda há algumas
outras diferenças de monta. Só que elas tendem a
reduzir-se a um ritmo alarmante.
Para chamar as coisas pelos nomes, não podemos
limitar-nos, como a habitualmente rigorosa Esther
Mucznik, a um eufemismo sobre a "disputa pela
terra". A limpeza étnica que o sionismo realiza
contra os palestinos é em tudo semelhante à limpeza
étnica que o nazismo realizou nos anos 30 contra os
judeus, quando ainda não era evidente que iria
dedicar-se a exterminá-los. A combinação de
violências físicas com pressões econômicas era a
receita do nazismo para afugentar os judeus, e volta
a ser a receita do sionismo para afugentar os
palestinos - com uma intensidade aliás superior à do
nazismo até Novembro de 1938.
Há várias modalidades de genocídio. Algumas começam
antes mesmo da limpeza étnica e muito antes das
câmaras de gás. Ao decidir privar os polacos de
qualquer instrução que fosse além das contas de
somar e das primeiras letras mal soletradas,
Heinrich Himmler formulava um programa genocida -
eis uma reflexão lapidar que ouvi ao grande
historiador israelita Yehuda Bauer e que só pode
redundar na condenação de Israel como potência
genocida.
A "lei do regresso" foi comparada com as leis de
Nuremberg por intelectuais israelitas íntegros e
corajosos. Ela tem, efetivamente, em comum com
aquele abominável precedente a concepção de que
alguém que nasceu longe e nunca conheceu o país pode
ter o direito a vir instalar-se nele expulsando pela
força alguém que aí nasceu e construiu a sua vida.
Com um critério racista, os nazis encorajavam a
vinda dos alemães ou germano-descendentes do
estrangeiro para ocuparem o lugar dos judeus a
expulsar. Com um misto de critérios raciais e
religiosos, os sionistas encorajam a vinda de judeus
residentes no estrangeiro para ocuparem
progressivamente o lugar dos palestinos. Os
colonatos são atualmente um monumento póstumo ao
nazismo construído à sombra da Estrela de David e
das metralhadoras do Tsahal.
A "limpeza étnica" não consistiu para o nazismo, nem
consiste para o sionismo, nem pode nunca consistir
para ninguém, num simples e inócuo plano de
transplantar populações.
Esses planos têm sempre por trás uma pulsão "eliminacionista",
porque não se transplanta milhões de pessoas sem
fazer morrer muitos milhares. Assim, os planos do
nazismo para deportar judeus em direção à Polônia,
ou a Madagascar, não podem ser vistos como uma
modalidade mais benigna do genocídio, e sim como
parte orgânica de um processo cuja lógica interna já
apontava para Auschwitz.
Há israelitas, colonos e não só, que dizem diante
das câmaras de filmar o mesmo que pensa Sharon: que
os palestinos devem ser expulsos porque têm muitos
países árabes onde reorganizar as suas vidas. Que
eles adoecessem ou morressem "como piolhos", na
expressão do falecido ministro israelita Rehavam
Zeevi, seria indiferente. Esta é uma atitude
genocida idêntica à dos nazis nos anos 30.
A política de confinar os grupos de população
considerados indesejáveis em guetos onde vão
definhando também é comum ao nazismo e ao sionismo.
A miséria e a doença que grassam nesses guetos
tornam-se depois uma pretensa confirmação da
sub-humanidade dos grupos discriminados. A revolta
generalizada que germina torna-se o pretexto para
expedições punitivas, em que toda a população é
considerada terrorista. A detenção de todos os
homens acima dos 14 anos é um procedimento típico
dos ocupantes nazis.
Sob esse aspecto, é verdade o que dizia o
historiador militar israelita Martin van Creveldt:
marcar os braços dos detidos com um número, como os
nazis faziam em Auschwitz, "apenas" é chocante por
ser um sinal exterior e altamente simbólico do
parentesco entre nazismo e sionismo. Mas o mal está,
segundo o próprio Creveldt, na ocupação dos campos
de refugiados, na criminalização em massa da
população. A partir do momento em que são estes os
ingredientes da política adotada, também é
inevitável que os seus sinais exteriores se
assemelhem aos do nazismo, porque a marcação dos
números é uma forma óbvia de identificar um grupo
tão extenso como a população masculina acima dos 14
anos.
Também o entusiasmo dos estrategas israelitas pelas
técnicas nazis aplicadas na destruição do gueto de
Varsóvia em Abril-Maio de 1943 resulta de um
parentesco iniludível: o caráter suicidário das
revoltas nos guetos judeus de então e nos guetos
palestinos de agora apresenta semelhanças que levam
as receitas repressivas a mimetizar-se.
Tal como o general nazi Jürgen Stroop, o exército
israelita compartimenta os campos de refugiados,
identifica os edifícios onde
existem franco-atiradores, destrói esses edifícios,
captura toda a população capaz de combater. Quando o
diário israelita Ha'aretz de 25 de Janeiro denunciou
o estudo do modelo contra-insurreccional nazi pelo
exército israelita, o porta-voz de Ariel Sharon,
Ra'anan Gissen, limitou-se a explicar à imprensa que
os seus oficiais acharam que "era parecido, porque
iam andar a combater rua a rua contra a Autoridade
Palestina". A comparação é de Gissen, não de
Saramago.
Os refuseniks israelitas que se sujeitam à prisão
por desobediência têm bons motivos: eles não querem
encontrar-se a si próprios no papel dos jovens nazis
que esmagaram a Intifada do gueto de Varsóvia e
massacraram os seus avós insurretos. Existe
atualmente na sociedade israelita uma fratura
fundamental entre os que, ao referirem-se ao
Holocausto, dizem "aquilo nunca mais pode acontecer"
- e aqueles que dizem "aquilo nunca mais pode
acontecer-nos".
Há os que condenam os crimes do nazismo em nome de
direitos humanos considerados universais e aqueles
que os condenam porque foram cometidos contra
judeus. Na evocação do passado esquecem ciganos,
russos, comunistas, testemunhas de Jeová,
homossexuais. Na apreciação do presente nada vêem de
reprovável, porque as prepotências de hoje não são
contra os judeus, mas contra os árabes.
Diga-se aliás de passagem: ao exercerem-se contra os
árabes, essas prepotências são também anti-semitas.
As execuções de prisioneiros a sangue-frio, cuja
denúncia motivou a fúria do exército israelita e os
seus sucessivos disparos contra jornalistas, ainda
não têm o caráter sistemático que tinham as
execuções dos Einsatzkommandos na Frente Leste. Mas
já o tiveram, nos massacres de Sabra e Chatila, e
podem voltar a tê-lo. Dir-se-á que esses dois
massacres não foram realizados pelo exército
israelita e sim pelos mercenários libaneses ao seu
serviço. Admitamos essa versão, embora recentemente
tenham surgido indícios de que Sharon fez muito mais
do que abrir as portas dos campos com a intenção de
propiciar o massacre. Ainda assim mantém-se a
analogia com o nazismo: muitos dos pogroms
realizados na Frente Leste, massacrando aldeias
inteiras, foram obra da soldadesca ucraniana ou
lituana ao serviço das SS.
Num ponto, o sionismo continua e continuará sempre a
distinguir-se do nazismo. Este era a expressão de um
imperialismo alemão que aspirava ao domínio do mundo
no segundo quartel do século XX. O sionismo está
condicionado, com rédea curta, pelos estímulos e
pressões do imperialismo que domina o mundo no
alvorecer do século XXI. Para além de contradições
secundárias, encontra-se em Washington, na Casa
Branca, a responsabilidade última das acões de
Israel e a explicação última para o fato de o
criminoso de guerra Ariel Sharon nunca se ter
sentado perante um tribunal internacional.
As similaridades entre Sionismo e NazismoUm câncer
vem se alastrando e corroendo os alicerces do debate
sobre as políticas israelenses no Oriente Médio, em
especial sobre sua postura em relação aos
palestinos. Este câncer tem como objetivo destruir a
fundamentação de qualquer argumento que contenha em
seu bojo uma crítica a esta postura, classificando
estes argumentos, sejam eles quais forem, como
anti-semitas. Nos estágios mais avançados desta
doença, a mais simples menção crítica a Israel é
classificada como um ataque direto ao judaísmo, como
uma atitude calcada na reafirmação do nazismo, como
uma apologia ao anti-semitismo.
Este mal se alastrou de tal forma que até mesmo
gente mais antenada com a questão refreia a língua
na tentativa de ser “politicamente correto” e se
adequar ao que convencionou-se como postura adequada
na tratativa de assuntos que espetem Israel em suas
feridas mais purulentas.
Dois temas são particularmente evitados: críticas ao
sionismo e comparações entre este pensamento e o
nazismo. Durante a última ofensiva israelense sobre
a Faixa de Gaza, alguns levantaram a lebre,
apontando as similaridades entre sionistas e
nazistas. Prontamente seus argumentos foram
condenados publicamente, não por falta de base, mas
com a intenção correlacioná-los ao rol das idéias
anti-semitas.
Este receio é a mola mestra das políticas
israelenses de domínio sobre os palestinos. É a
partir dela que os sionistas tomam a dianteira neste
conflito, condenando os palestinos a uma existência
a margem da civilização e entregando-os de bandeja
para o fundamentalismo islâmico. Esta estratégia do
quanto pior melhor, na qual Israel alimenta o ódio e
a divisão entre os palestinos para justificar a
ocupação ilegal da Cisjordânia, de parte de
Jerusalém e do cerco à Faixa de Gaza, é a estratégia
sionista para alcançar o objetivo final: a
manutenção de todo o território onde hoje se
encontra Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza sob o
domínio do povo judeu e somente dele. O sionismo não
prevê dois povos naquela região e isso já foi
claramente explicitado por diversos políticos
israelenses, entre eles o primeiro-ministro Benjamin
Netanyahu e o ministro das relações exteriores,
Avigdor Lieberman.
No entanto, não se pode condenar judeus ou
israelenses por isso. Nem todos são adeptos
declarados do sionismo. Muitos querem apenas (e tem
todo o direito) de viver em segurança em sua pátria.
Portanto, é preciso diferenciar claramente judaísmo
e sionismo.
Penso que o judaísmo, como qualquer outra religião,
deve ser respeitado e seus seguidores devem ter
garantido o direito de professar sua fé. O sionismo,
por outro lado, não é uma religião, mas um
pensamento que se utiliza de um pilar religioso para
alcançar objetivos políticos. Ora, sendo uma linha
política, o sionismo é passível de controvérsias no
campo ideológico. Haverá quem o defenda e quem o
combata. E isso, de forma alguma, sigifica defender
ou combater o judaísmo. É preciso separar as
questões.
Judaísmo é uma religião e seus praticante devem ser
protegidos de quaisquer ações repressoras, racistas
ou difamadoras. Sionismo é linha política, e como
tal é passível de contestação.
Não podemos, então, aceitar a auto-censura que o
lobby sionista tenta impor ao mundo, em especial
quando elege assuntos proibidos, temas tabus.
SIONISMO E NAZISMO
Portanto, tracemos um paralelo entre o sionismo e o
nazismo. Isso é possível? Vejamos. Quanto a seus
objetivos, o sionismo preconiza a preservação e
prosperidade do povo judeu, afastando a
possibilidade de seu extermínio ou assimilação. Os
nazistas, por sua vez, lutavam pela preservação e
prosperidade da raça ariana, afastando a
possibilidade de miscigenação com outras raças.
Para o sionismo, o Estado não é um fim, mas um meio
para alcançar os seus objetivos. "Após nos tornarmos
uma força poderosa, como resultado da criação do
estado, nós aboliremos a partilha e nos expandiremos
para toda a Palestina. (...) O estado será apenas um
estágio na realização do sionismo e sua tarefa é
preparar a base para nossa expansão por toda a
Palestina", Ben Gurion, citado por Noam Chomsky, The
Fateful Triangle: The United States, Israel and the
Palestinians, Pluto Press, London, 1999.
Estado e Democracia
Da mesma forma, para os nazistas o Estado não era um
fim, mas um meio para alcançar os seus objetivos.
"Em geral, não se deve esquecer que a finalidade
suprema da razão de ser dos homens não reside na
manutenção de um Estado ou de um governo; sua missão
é conservar a raça. E se esta mesma se achar em
perigo de ser oprimida ou até eliminada, a questão
da legalidade passa a plano secundário", Adolf
Hitler, Minha Luta, cap. III.
Outro paralelo pode ser traçado sobre o conceito de
democracia. A mídia sionista tem apresentado o
Estado de Israel como a única democracia do Oriente
Médio. Seria verdade se for considerado como
democracia um sistema que privilegia grupos de
cidadãos em relação a outros, como, por exemplo, a
antiga democracia ateniense restrita aos eupátridas,
a democracia branca sul-africana da época do
apartheid e a estadunidense antes dos anos 60. A
"democracia" sionista exige de antemão que os
cidadãos não judeus reconheçam o Estado de Israel
como sendo um estado judeu, ou seja, que reconheçam
a si mesmos como cidadãos de segunda categoria. Isso
implica em aceitar a "lei do retorno" a qual concede
a qualquer judeu do mundo (que é assim reconhecido
segundo as normas do judaísmo ortodoxo),
independentemente de onde tenha nascido, o direito à
cidadania israelense.
Em outras palavras, todos os milhões de judeus do
mundo (que somam muito mais que a população judia do
próprio Estado de Israel) podem tornar-se eleitores
em caso de necessidade. É assim intolerável para o
Sionismo a existência de uma maioria não-judia no
Estado de Israel, exceto se dominada e submetida
como eram os negros pelos brancos cristãos e judeus
durante a vigência do apartheid sul-africano. O
projeto original de Theodor Herzl era o de um estado
administrado como uma empresa com um comando
centralizado e restrito a judeus. Herzl, em sua obra
O Estado Judeu, explicitamente rejeitou o sistema
democrático para o Estado de
Israel.
Ao contrário dos sionistas, que estabeleceram uma
democracia de casta, os nazistas foram assumidamente
antidemocratas ou, no dizer de Adolf Hitler,
defendiam a "genuína democracia germânica de livre
eleição do Führer, que se obriga a assumir toda a
responsabilidade por seus atos". O sistema nazista
baseava-se no militar, em que o líder tem todo o
poder de decisão e comando em relação a seus
subordinados e assume os méritos dos alvos
alcançados e todas as responsabilidades pelos
fracassos. Para o Nazismo só deve governar quem for
capaz de arriscar sua própria vida para garantir sua
posição de comando. A democracia para o Nazismo é a
"ditadura do número", em que os mais simpáticos e
não os mais capazes comandam. Para os nazistas, a
democracia é um sistema em que os mais espertos e
não os mais capazes, corajosos e honestos são os
favorecidos.
Portanto, da mesma forma que o Sionismo, o Nazismo
vê o Estado como um meio e não como um fim - no que
os dois se distinguem do Fascismo, em que a
instituição do Estado é posto como o alvo e o único
capaz de administrar os conflitos internos. No
Nazismo o alvo do Estado é a preservação da raça
ariana, considerada ameaçada de destruição pela
miscigenação com as demais raças, classificadas como
inferiores pelos nazistas; no Sionismo o alvo é a
preservação do povo judeu, ameaçado de destruição
pelos gentios (os não judeus), seja pelo extermínio
físico, seja pela assimilação.
Militarismo e Expansionismo
Outra similaridade entre nazismo e sionismo está no
militarismo de sua sociedade. Para manter sua
dominação, os sionistas necessitam de um poderoso
sistema de dominação militar sobre a maioria
palestina muçulmana, cristã e laica, somada a armas
de propaganda. O Estado de Israel é o único país do
Oriente Médio a ter armamentos nucleares e recebe
anualmente dos EUA, além de apoio e proteção
militar, bilhões de dólares.
Da mesma forma, uma das bases do Nazismo foi a
crença de que o direito nasce da força e que a
própria força já prova a quem pertence o direito de
dominar: quem se deixa escravizar merece ser
escravizado, defendiam. Os nazistas construíram para
isso uma enorme máquina de guerra e o próprio Estado
estruturou-se como uma organização militar.
Nazistas e sionistas compartilham a mesma estratégia
expansionista. O ideal dos sionistas é refazer os
limites que, segundo o Judaísmo, a Torá estabelece
para o povo judeu viver. Esses limites hoje
implicariam em tomar territórios que vão do Egito ao
Iraque. Guerras expansionistas já foram empreendidas
com este fim. Os nazistas, por sua vez, eram
essencialmente expansionistas e defendiam que a
segurança do Estado é tanto maior quanto for seu
território. Como no Nazismo não há lugar para
escrúpulos no que se refere a acumular poder.
Racismo: Semitismo e Arianismo
O Sionismo, como o Nazismo, defende que os judeus
são uma raça. Embora os sionistas costumem declarar
que o Sionismo seja um movimento não-religioso, o
Judaísmo aceitar pessoas de todas as raças e terem
os hebreus e os judeus durante sua história se
miscigenado com muitas raças, isso pode estar ligado
às crenças cabalísticas (a mística desenvolvida no
Judaísmo da diáspora) de que os judeus possuem uma
alma adicional, ao contrário dos gentios que só
possuiriam uma alma animal e a outras tradições
racistas - que não são aceitas por todos os judeus.
Jabotinsky, um líder de extrema-direita, defendia a
superioridade racial do semita em relação aos demais
povos do Oriente Médio. A luta contra o
"anti-semitismo" é também, para alguns sionistas,
uma luta de preservação racial. Em 1975, a Resolução
3379 Assembléia Geral das Nações Unidas classificou
o Sionismo como racismo, entre outros motivos pelo
forte apoio sionista ao apartheid sul-africano. Esta
resolução, porém, foi revogada em 1991, por pressão
dos EUA onde os sionistas têm forte presença meio à
maior população judia do mundo e junto a várias
igrejas cristãs que acreditam no direito judeu à
Palestina.
Os nazistas acreditavam na superioridade racial
ariana em relação às demais raças. Defendiam que
entre os povos germânicos a raça ariana foi mais
preservada da miscigenação com as "raças inferiores"
do que em outras populações arianas da Europa e do
mundo.
Afirmavam que a superioridade da raça ariana
manifesta-se nas várias civilizações que teriam
criado no mundo antigo e no progresso científico e
intelectual que as civilizações arianas conseguiram
no mundo moderno.
O fato de os povos germânicos terem permanecido num
estado próprio das sociedades pré-históricas até
entrarem em contato com povos como os romanos e os
semitas árabes e seu pouco progresso científico se
comparado a povos ameríndios como os incas, maias e
astecas, é justificado apelando-se para argumentos
como as condições geográficas onde esses povos
teriam vivido. O Nazismo propõe- se exatamente a
impedir que a miscigenação do ariano continue a se
dar, e vê nos judeus agentes interessados em
promover essa "degradação" da única raça que,
segundo acreditam, poderia impedi-los de dominar o
mundo.
Limpeza étnica
Uma das bases do Sionismo é a crença de que judeus e
gentios não podem viver em paz. Isso justifica para
eles a expulsão sumária de não judeus. Golda Meir
assim se expressou sobre isso: "Nós devemos
perguntar a nós mesmos: 'Que tipo de Israel nós
desejamos?' Eu digo: um Israel judeu, sem
interrogações ou dúvidas. Um Israel judeu, sem o
medo diário [de saber] se a minoria constitui agora
cinco por cento ou não", citado em Davar, 6 de junho
de 1969.
A propaganda sionista dissimula esse desprezo e
xenofobia disfarçando-o como "valorização da
diversidade" e estimulando outras sociedades a
dividirem-se e isolarem-se em etnias.
Para o Nazismo todas as demais raças ameaçam a raça
ariana, em especial pela miscigenação. O Estado deve
garantir a homogeneidade da população: "(...) A
organização de uma comunidade de seres moral e
fisicamente homogêneos, com o objetivo de melhorar
as condições de conservação de sua raça e assim
cumprir a missão com que esta foi assinalada pela
Providência. Esta e não outra coisa significam a
finalidade e a razão de ser de um Estado", Hitler,
Minha Luta, Cap. IV.
E então...?
António Louçã, um historiador e jornalista português. Tem diversos livros publicados. Foi correspondente do "Diário Popular" em Madrid; diretor da revista mensal "Versus"; Chefe de redação