O Ronco e a Síndrome da Apneia do sono tem sido muito
discutido no Brasil e no mundo na atualidade. Este
problema, além dos transtornos sociais e psicológicos,
trás conseqüências físicas para o paciente (hipertensão,
arritmias cardíacas e AVC).
A Apneia do sono é a obstrução das vias aéreas por
alguns momentos durante a noite, pela flacidez dos
tecidos da garganta, impedindo a respiração por alguns
segundos, varias vezes por noite, e o ronco é a vibração
dos tecidos da garganta quando o ar passa.
Esses problemas são freqüentes no homem a partir dos 30
anos e nas mulheres a partir da menopausa.
Recentemente o tratamento através de aparelhos orais,
tem ganhado importância no tratamento desses problemas,
pela facilidade de adaptação e eficácia dos aparelhos,
que vem ganhando espaço como uma das principais formas
de tratamento para estes problemas.
Estes aparelhos são construídos de modo a posicionar a
mandíbula mais para frente, possibilitando que a
passagem do ar na garganta fique desobstruída.
Existem algumas limitações que precisam ser avaliadas,
muitas vezes com o auxílio do médico de sono e da
polissonografia, que é um exame onde a pessoa dorme na
clínica uma noite, sendo monitorada em todos os aspectos
do seu sono.
Os principais sintomas da apneia do sono são o ronco e a
sonolência diurna excessiva.
O ronco é um também um fator de desagregação familiar,
muitas vezes levando a pessoa que ronca a dormir em
quarto separado, bem como torna a pessoa que ronca
motivo de piadas entre companheiros de trabalho, de
pescarias ou acampamentos, ou quando tem que dividir
quarto de hotel, etc...
Estando trabalhando com estes aparelhos desde 1998, e
tendo sido pioneiro aqui em Florianópolis, selecionei as
perguntas mais comuns e descrevo abaixo:
1. Qualquer pessoa pode usar este aparelho?
Não, existem algumas limitações para o uso do aparelho
que podem ser:
• Impossibilidade de reter o aparelho na boca. Pacientes
que têm poucos dentes ou usam próteses extensas,
principalmente dentaduras ou próteses removíveis, podem
ter dificuldade em reter o aparelho na boca, devendo o
caso ser bem avaliado antes de se indicar o aparelho.
Pessoas com problemas periodontais severos, em que os
dentes apresentam mobilidade acentuada, e pessoas
portadoras de prótese total INFERIOR não têm condições
de usar o aparelho, pois nesses casos é impossível reter
o aparelho na boca.
• Casos em que a perspectiva de bons resultados é
pequena. Pacientes muito obesos ou com índice de apnéia
muito acentuado (acima de 40) precisam ser bem avaliados
pois a perspectiva de resultados é mais pobre,
devendo-se optar por outro tipo de tratamento, ficando o
aparelho como uma segunda opção ou para ser usado em
conjunto com outros tratamentos.
• Nos casos em que o paciente tem problemas na
Articulação (ATM) da mandíbula (dor, estalos ou
desvios), pois o aparelho pode agravar estes problemas.
2. Como devo proceder para fazer o aparelho?
Em primeiro lugar é preciso marcar uma consulta de
avaliação, onde veremos as condições para a colocação do
aparelho, se é necessário fazer alguns exames
complementares, como a polissonografia, radiografias ou
exame com o médico de sono ou otorrinolaringologista,
também é avaliada a condição dentária onde verificamos
possíveis problemas que precisem ser tratados antes da
colocação do aparelho. Após está consulta que iremos
então dar início à confecção do aparelho.
3. Como o aparelho funciona?
O aparelho funciona avançando a mandíbula e mantendo a
mandíbula firmemente nessa posição. O avanço da
mandíbula faz com que os tecidos da garganta de
“estiquem” aumentando a abertura para a passagem do ar,
também o avanço mandibular estimula um reflexo que faz a
musculatura da faringe e arredores ficar mais tensa,
mais firme, evitando o ronco.
Mantendo a mandíbula presa ao aparelho, ele não permite
que ela “caia” durante o sono, abrindo a boca, pois esse
movimento de abertura geralmente é seguido de um reflexo
que faz a língua ir para traz obstruindo a passagem do
ar.
4. O uso do aparelho “cura” o ronco e a apneia?
Não,o aparelho não produz nenhuma mudança física no
paciente, resolvendo o problema apenas enquanto estiver
sendo usado, é mais ou menos como os óculos, que
corrigem a visão mas não modificam o olho.
5. Porque é precisamos nos preocupar com a apneia?
Apesar do ronco ser o problema mais incômodo, a apnéia
do sono é o problema mais importante e precisamos nos
preocupar com ela, pois ela afeta vários órgãos do nosso
corpo, principalmente o coração, onde aumenta em até 30%
a possibilidade de desenvolver arritmias, hipertensão,
infarto e derrame cerebral
6. Posso morrer sufocado numa crise de apneia?
Não, pois o cérebro controla o nível de oxigênio e gás
carbônico no sangue e quando eles se alteram a pessoa
acorda e volta a respirar. A apnéia não mata, mas
aumenta muito a chance de desenvolver doenças que matam
como o infarto do coração e os derrames cerebrais.
7. Porque é preciso fazer a polissonografia e o que é
esse exame?
A polissonografia é o exame que é feito na clínica de
sono, onde o paciente dorme uma noite e é monitorado em
vários aspectos do seu sono, contrações musculares,
problemas respiratórios e cardíacos entre outros, é
necessário para se detectar a apnéia do sono.
É através da polissonografia que se pode medir se o
paciente tem uma apnéia leve, moderada ou grave, também
podemos verificar se existem outros distúrbios do sono
que tem sintomas parecidos com a apnéia, mas tratamentos
diferentes, também para que possamos avaliar os
resultados do tratamento fazendo uma antes e uma depois
para comparar os resultados.
Fonoaudiologia também está ajudando atualmente as
pessoas que sofrem com o ronco e apneia.
Estudo epidemiológico realizado pelo Instituto do Sono
da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) aponta
que 32,8% da população da cidade de São Paulo sofre com
apneia do sono. Foram avaliadas em laboratório 1.042
pessoas.
O ronco é um ruído predominantemente inspiratório
produzido pela vibração das partes moles da orofaringe .
Normalmente a inspiração é iniciada pelos músculos da
asa do nariz e propaga-se pela faringe , laringe e
parede toráxica até alcançar o diafragma .
Sabe-se que de acordo com as fases do sono ocorre um
excessivo relaxamento muscular e também uma alteração da
coordenação entre as contrações do diafragma e dos
músculos da orofaringe . Se os tecidos moles estiverem
hipotônicos (flácidos) ao entrarem em relaxamento ,
tornam-se mais volumosos e flácidos , gerando o ronco .
A sonolência é a queixa de metade dos casos que chegam
aos laboratórios , e mais da metade destes apresentam
Síndrome da Apnéia do Sono, um distúrbio freqüente e
pouco conhecido . O paciente com S. A S. apresenta ronco
intenso entrecortado por pausas de 20 a 40 segundos . A
única forma do paciente voltar a respirar é despertando
(são breves despertares e podem ocorrer várias vezes por
noite) , alterando assim , a qualidade do sono fazendo
com que o paciente levante cansado, irritado e
sonolento, podendo causar falta de atenção, aumento da
pressão arterial, além de outros sintomas.
Há vários tratamentos dependendo das causas do ronco e
da apneia. Entre eles, estão a cirurgia, a
farmacoterapia, dietas e o uso de respiradores
artificiais. Agora, o novo tratamento, baseado em
exercícios, foi desenvolvido pela equipe do Incor
(Instituto do Coração de São Paulo).
Esses exercícios objetivam fortalecer a musculatura da
garganta envolvendo a língua e o palato mole (parte
posterior do céu da boca) podendo reduzir em até 40% a
gravidade e os sintomas da apneia do sono -distúrbio que
tem como características ronco alto e interrupções da
respiração durante o sono.
Os exercícios devem ser feitos com a orientação de um
fonoaudiólogo, em frente a um espelho. Para manter os
resultados conseguidos na fase inicial, em que os
exercícios são mais intensos, eles devem ser continuados
todos os dias. Se forem interrompidos, os músculos
voltam ao estado de fraqueza e flacidez, permitindo que
a apneia e o ronco retornem.
Ainda que esses exercícios não sejam uma solução
definitiva para estes problemas, podem aliviar bastante
o incômodo e melhorar a saúde de quem sofre com o ronco
e a apneia. Em alguns casos, os exercícios deverão ser
feitos como um complemento a outros tratamentos (como o
uso de placas para o maxilar, o CPAP ou a perda de
peso).
Procure um pneumologista ou uma fonoaudiólogo para
receber orientação quanto ao tratamento mais adequado ao
seu caso. |